O bem

22/02/2012 17:18

O BEM

 

 

POR, CICERO FREITAS

 

O bem e o mal foi pensado por muitos filosofos, como por exemplo heráclito que dizia que nos vemos opostos entre o bem e o mal, já Platão o mundo visivel dos sentidos é um mundo irreal,pois é mutável e transitório e por isso mesmo é mal,por outro lado o bem se encontra no verdadeiro mundo, imutável, eterno que é o mundo das idéias.para Agostinho o mal é a ausencia de bem. Mas enfim vamos entender com mais detalhes o que é o bem segundo Aristóteles.

Aristóteles procura construir um sistema moral que teria como base a racionalidade humana, ou seja, o agir segundo a razão com o objetivo último de conquistar a felicidade, isto é, o bem. Nesse sentido,

A ética a Nicômaco, como o próprio nome já diz, trata de assuntos referentes à ética. Nessa obra o autor ver a necessidade de um sistema moral, grandemente o seu pensamento vem ao encontro das necessidades atuais, pois toda a questão para Aristóteles consiste em estabelecer uma hierarquia de valores. Por isso inicia sua ética a Nicômaco dizendo, que todo homem persegue o bem, o bem é o fim do homem, pelo qual realiza a sua felicidade, porém, a palavra bem pode assumir os mais variados sentidos. A esse respeito escreve Aristóteles:

 

Além disso, como a palavra "bem" tem tantos sentidos quanto" ser "(visto que é predicada tanto na categoria de substância, como de Deus e da razão, quanto na de qualidade, isto é, das virtudes; na de quantidade, isto é, daquilo que é moderado; na de relação, isto é, do útil; na de tempo, isto é, da oportunidade apropriada; na de espaço, isto é, do lugar apropriado, etc.), está claro que o bem não pode ser algo único e universalmente presente, pois se assim fosse não poderia ser predicado em todas as categorias, mas somente numa. (OS PENSADORES, 1991:13)

 

 

Segundo Aristóteles o fim (telos) do ser humano é a realização de sua principal atividade que é o pensamento, ou atividade racional. A felicidade (eudaimonia) se manifesta mediante a realização dessa essência que é o seu pensamento, consequentemente chega o homem ao seu pleno desenvolvimento humano, e o encontro com o bem ou o sumo bem, que é aquilo que é completo em si mesmo porque representa plenitude de valor.

Então o que é o bem? Aristóteles definia o bem como aquilo que todo ser busca, ou seja, a sua perfeição, a realização do seu ser, em termos aristotélicos o bem é "aquilo a que todas as coisas tendem". (OS PENSADORES, 1991:9).

O bem é o que há de mais elevado em sua ética, o problema que se apresenta para Aristóteles é como determinar esse bem.

Segundo Aristóteles o bem está aparentado com a justiça, para os Neoplatônicos o bem supremo é identificado com deus, já os epicuristas vêem no prazer quando bem calculado a fonte de um bem, por outro lado Kant entende que o bem consiste em fazer o que se deve.

Muitos pensadores sustentaram de maneiras diferentes que todo homem procura o seu bem, isto é, aquilo que o torna feliz, mesmo que, por caminhos diversos, como já indicamos anteriormente. Para alguns a finalidade das nossas ações é alcançar o bem, já para outros a contemplação, outros, porém, acredita que ser feliz é ter muito dinheiro, sucesso, fama. Portanto tudo o que o homem faz, é feito porque ai se encontra o próprio bem, a propaganda usa muito disso, de se ter algo, se você tem algo isso te realizará, ou seja, a condição para se alcançar a felicidade está colocada nos bens materiais, porém, há muitas formas ilícitas de se conquista essas coisas, basta observar os fatos de nossa cotidianeidade. Nessa situação, o que mais se ouve nesses tempos é que falta ética: falta ética na política, falta ética nos meios de comunicação, falta ética profissional, e o resultado disso é um ambiente de mentiras, lugar de corrupção.

No entanto, estas conquistas de bens materiais começam por trazer muitos problemas, por exemplo, atrair muitos inimigos, ou seja, os bens despertam a inveja de outras pessoas e consequentemente a violência e atentados como: sequestro, assalto, bala perdida. O fato é que esta situação no mundo atual parece não poupar nem aqueles que se sentiam poupados até o momento.

Entretanto, isso não quer dizer que o ser humano não deva desejar os bens de que precise para a sua sobrevivência, ou que viva com se não necessitar-se deles, por exemplo, comida, bebida, sexo, conforto, moradia, dinheiro, e etc. Todas essas coisas que apontamos não são más em si mesmas, pois se forem definidas com bens, veremos que o mal está justamente na desordem com que são queridos.

Entretanto, o que é importante é o desenvolvimento de nossa inteligência que assim se torna capaz de ordenar todos esses bens, isto é, colocar todas estas coisas que desejamos em seu devido lugar. Podemos dizer, então, que ao homem cabe o dever de administrar os seus afetos, para assim poder ser o guia de sua própria vida.

É por tudo isso que analisar o relacionamento do homem com o mundo dos bens é tão importante como também difícil, pois se admitimos a existência de diversos bens, persiste um dilema ético, o problema que se apresenta é saber qual o bem que eu devo escolher? Ou qual o maior bem? O bem para uns pode ser a riqueza, a honra, o poder, o triunfo profissional, a comida e a bebida. Por tudo isso saber viver não é tão fácil, pois em matéria de ética as opiniões não são unânimes, e de acordo com Juan Luis Lorda a conduta humana estar orientada pela voz dos bens e dos deveres, e se não estar ordenada acaba sendo orientada para os bens mais baixos ou torna-se dependente de interesses próprios.

Além disso, assim se expressa Juan Luiz: "Todas as coisas que nos rodeiam impõem-nos deveres. Viver bem é, em última análise, saber dar a cada coisa o tratamento que merece" (LORDA, 2001:38). Contudo, a conduta humana nem sempre tem se guiado por critérios seguros, talvez por falta de conhecimento dos valores humanos mais básicos, pois se pensamos mal agiremos também mal. Aristóteles vai dizer que o homem sábio é aquele que sabe deliberar bem, ou seja, que sabe tomar uma boa decisão, pois se a conduta humana não estiver intermediada por um raciocínio ponderado e sensato, provoca a perda da vinculação razão-verdade. Por isso, o filosofo chama a atenção principalmente para o critério da racionalidade e do discernimento.

Para Aristóteles a pessoa virtuosa é aquela que sabe situar-se em um determinado momento, pois as regras de conduta não são fixas, deste modo é preciso escolher o caminho do meio e pautar a conduta pela reta razão, isto é, por aquilo que a consciência dita naquele exato momento.

Aristóteles também vai dizer em sua ética que as pessoas analisam mal a sua vida e nos aponta como erroneamente determinamos aquilo que nos traz a felicidade, por isso, enfaticamente ele afirma: "Os primeiros pensam que seja alguma coisa simples e óbvia, como o prazer, a riqueza ou as honras, muito embora discordem entre si; e não raro o mesmo homem identifica com diferentes coisas, como a saúde quando está doente e com a riqueza quando é pobre" (OS PENSADORES, 1991:4).

Entretanto é importante ressaltar que existe no coração de cada homem o desejo de ser feliz, porém muitas pessoas projetam essa felicidade nos bens de consumo, nas riquezas, ou em obter honras.

No entanto de modo paradoxal Aristóteles afirma que, "Há coisas cuja ausência empana a felicidade como a nobreza de nascimento, uma boa descendência, a beleza. Com efeito, o homem de muito feia aparência ou mal-nascido, ou solitário e sem filhos não tem muitas probabilidades de ser feliz" (OS PENSADRES, 1991:18).

Como podemos perceber o campo dos bens é diverso e amplo, pois em primeiro lugar os bens são aquelas coisas que se apresentam ao nosso espírito como desejáveis, porque nos são úteis de alguma maneira, contudo se o homem não tiver sido educado nos bons hábitos, não reconhecerá como um bem, os bens estéticos, religiosos e culturais, e por fim acabará por dedicar-se plenamente a conseguir somente os bens primários como: comida, bebida, conforto e segurança e sexo, consequentemente não poderão apreciar como bens os valores mais elevados resultado de uma vida virtuosa.

É inegável que a falta de empenho em reconhecer esses verdadeiros bens, torna o homem desajustado além de que é preciso um raciocínio elementar que conduza o homem a querer como bens os verdadeiros bens

pode-se, pois, considerar Aristóteles como um homem extremamente moral.

Voltar