O medo

22/02/2012 17:07

O MEDO

 

POR, CICERO DE FREITAS AGOSTINHO

 

É patente o que se observa nos dias atuais, a tendência de algumas pessoas por querer construir casas com muros altos, instalar câmeras de segurança e cerca elétrica, andar com seguranças particulares, carro blindado e com vidros escuros. Hoje, a palavra que mais se escutar é que todo o cuidado é pouco e que não devemos confiar em ninguém

Cada indivíduo é uma figura solitária integrada com outras figuras solitárias, contudo para Zygmunt Bauman tal acontecimento é fruto dos temores do homem atual.

Por outro lado para o autor essa experiência atemorizante, isto é, do medo do que possa acontecer se verifica principalmente nas relações interpessoais em que muitas pessoas consideram o outro como um possível adversário, por isso sua atitude perante aqueles que dele se aproximam é de desconfiança, como dizia o autor: "Ao conhecer um estranho você precisa em primeiro lugar de vigilância, e em segundo e terceiro lugares de vigilância". (BAUMAN, 2004: 110).

Recusando o amor e a confiança, não há motivo para compaixão e clemência, assim, pois, esta situação acarreta a guerra do homem contra o homem e delineia-se assim o mundo darwiniano onde sobrevive o mais hábil.

Neste tipo de realidade competitiva, pragmática e utilitarista segundo Zygmunt Bauman uma das consequencias que o mundo darwiniano, trouxe para a vida atual, foi a destruir nossa capacidade de amar, E ainda sobre a questão diz o autor: "os outros são em primeiro lugar e acima de tudo competidores, tramando como qualquer competidor, cavando buracos, preparando emboscadas, torcendo para que venhamos a tropeçar e cair" (BAUMAN, 2004:110).

Essa é uma situação que se alastra cada vez mais em nosso tempo, em que há incontáveis pessoas que se recusam a confiar e em amar, evitando qualquer parceria estável, E, portanto a união conjugal no rito religioso católico.

Para Zygmunt Bauman essa situação tem levado cada vez mais pessoas a entrarem em um relacionamento considerando o que um pode obter de proveito do outro, neste sentido, um relacionamento assim constituído pode a qualquer momento facilmente ser rompido por qualquer um dos parceiros, ou seja, se o outro não for mais útil a solução é descartá-lo, tal como um objeto ou um produto que ficou velho, ou porque dele não obtemos mais nenhum proveito, dai o remédio é jogarmos na lata do lixo. Isso acontece porque o pensamento do homem pós-moderno é mercadológico, isto é, nosso comportamento segue as regras do mercado e o critério do custo e beneficio, ou seja, ao comprar um produto sempre avaliamos o custo, sempre pensamos: quanto devo pagar por tal coisa?Qual será o esforço que devo fazer?Quais serão as dificuldades e os riscos? E também avaliamos o beneficio, ou seja, qual a utilidade, ou a vantagem de se obter tal objeto, produto ou serviço.

Segundo o autor essa é uma característica que se observa principalmente nos relacionamentos atuais que são chamados de "puros", que dizer efêmeros, frágeis, e que dura apenas segundo a conveniência.

Ao concluir este capitulo só me resta lembrar o que dizia Juan Luiz.

 

Cada homem tem um estilo de vida, que pode ser medíocre, guiado pelo mínimo, ou pleno, guiado pelo máximo. São opções de estilo, que acabam por criar hábitos e modos de ser que dão forma á liberdade, que configuram uma maneira de situar-se no mundo. Cada qual tem uma Margem de liberdade muito grande para escolher o seu estilo pessoal de cumprir os deveres, de relacionar-se com o próximo, com Deus e com a natureza. Cada uma destas realidades impõe-nos obrigações, mas o modo de vivê-las é inteiramente pessoal. (LORDA, 2001:87).

 

 

Isso significa que, a liberdade moral é uma virtude que todo ser humano possui, em maior ou menor grau, porém uma pessoa que seja dominada pelos vícios acaba por comprometer a aquisição destas virtudes, por outro lado uma pessoa moralmente livre tem domínio sobre si mesmo, e como nos dias atuais alguns jovens brasileiros têm como característica primordial o ritmo grotesco de animalidade, ou seja, a conduta juvenil em muitos ambientes, seja a casa dos pais em que procura agir com rebeldia,falando palavras horrorosas aos pais, ou talvez nas festas, que como já é sabido estes jovens que não possui como parâmetros para sua conduta nenhuma regra moral ou principio ético usam drogas e tem comportamentos violentos.

Deste modo a liberdade requer em primeiro lugar um conhecimento autêntico de si mesmo, assim como dos valores humanos básicos, desta maneira o homem ou a mulher poderão obter, portanto, o controle sobre a sua vontade e acabaram por ser senhor de si mesmo, ordenando assim os seus sentimentos e as suas ações cotidianas, para metas grandes que promovam a felicidade da humanidade.

Finalmente termino este capitulo lembrando novamente uma frase de Juan Luis.

 

O homem é um ser corporal, dotado de sentimentos: precisa deles para agir com firmeza, com profundidade e com perseverança. Uma decisão isolada não basta para cumprir um dever que se revele difícil, custoso, ou que exija um esforço prolongado. Mas se se ama esse dever, adquire-se uma força extraordinária para cumpri-lo e perseverar nesse cumprimento. E então é o homem inteiro – com o corpo e a alma- quem quer. (LORDA, 2001:46).

 

Com base nas referências de Zygmunt Bauman chegamos à conclusão, de que as relações humanas, parecem ter com pano de fundo, um interesse bem escondido, a causa disso encontra-se na procura de segurança, muitas vezes financeira, pois se verifica que o homem é um eterno insatisfeito e a causa dessa insatisfação é a de que foi feito para conhecer a Deus, porém de modo equivocado busca esta consolação em bens materiais, amores humanos e nas pessoas, que não preenche em sua totalidade o desejo de possuir o bem supremo e absoluto, fonte de toda felicidade, deste modo se decepciona por esperar demasiado de alguém ou alguma coisa de quem não se podia esperar tanto.

Nesse sentido o verdadeiro relacionamento supõe um laço forte de amor, que ajude o outro a se desenvolver, e a tornar-se feliz. O serviço que nos presta Bauman é de mostrar de modo realista que as uniões humanas atuais estão impregnadas de relativismo e utilitarismo.

Depois de haver exposto o pensamento de Zygmunt Bauman, neste ultimo capítulo vamos tratar de uma moral antiga, e que o seu fundador foi Jesus de Nazaré. Trata-se da moral cristã, a mais universal de todas as morais porque perpassa todos os tempos, além do mais, já foi seguida e assumida por inúmeras pessoas e por diversas teorias morais.

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